quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Bebê de "Nevermind" refaz capa de disco 17 anos depois


Spencer Elden foi a capa do disco ‘Nevermind’ em 1991.
Pais do garoto receberam na época U$ 200 pela foto do garoto nu.


O site da MTV norte-americana divulgou nesta segunda (10) uma foto atual de Spencer Elden, o garoto que serviu de modelo para a capa do álbum “Nervemind”, da banda norte-americana Nirvana, em 1991. Com 17 anos, Elden voltou a mergulhar numa piscina atrás de uma nota de um dólar – desta vez usando um calção de banho, ao invés do nu original.

O garoto já havia refeito a cena em 2001, em uma matéria da revista Rolling Stone norte-americana. Em entrevista ao site da MTV, Elden disse que “é estranho pensar que tanta gente já me viu pelado – me sinto como a maior estrela pornô do mundo”. Na época, seus pais receberam U$ 200 pela fotografia. Em 2003, o garoto posou para a capa do disco “The dragon experience”, da banda cEvin Key. Elden hoje mora em Los Angeles, onde cursa o colegial.




por Flávio Bandeira

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Jogos Mortais

Em ocasião do lançamento da quinta parte da franquia, uma recapitulação de toda a saga encerrando com uma crítica de Jogos Mortais 5.

2004 - cinco Jogos Mortais atrás.


O primeiro Jogos Mortais é, como comentam os fãs ao redor do mundo, um tapa na cara de Hollywood. A crítica de cinema, que nunca soube reconhecer os filmes de terror como algo "sério", sempre os tratou como uma diversão vazia para os jovens, principais responsáveis pela movimentação desta indústria. É verdade que superficialmente a premissa de Jogos Mortais é digna deste tratamento da crítica: um thriller sádico e violento que atraiu a maior parte do público por conta do derramamento de sangue e não pela proposta. A produção passa longe disso, e, diferente do que acontece geralmente neste tipo de filme, o principal atrativo é o roteiro de Leigh Whannel (que também interpreta o fotógrafo Adam) e a direção do também desconhecido James Wan, autor de um estilo tão único que nunca mais conseguiu ser repetido, nem por suas próprias continuações. É bom lembrar que a princípio nenhum estúdio quis bancar a idéia da dupla, que chegou a filmar uma versão promocional apresentando suas principais características a fim de convencer os produtores*.

A idéia do final surpresa (que seria repetida em toda a série) nem é tão original assim, e já fora usada até mesmo em longas-metragens como Seven, comumente comparado com Jogos Mortais. No entanto vale dizer que o deste último é realmente de cair o queixo, pois apesar de fazer muito sentido, é inimaginável, já que nem sequer era esperado àquela altura do filme. A produção foi a bilheteria mais inesperada daquele ano e até mesmo a crítica adversa ao gênero se rendeu ao primoroso trabalho de Wan e Whannel. Não totalmente, mas teve, a exemplo de certo ‘jogo mortal’ imposto por Jigsaw, de dar o braço a torcer.

2005 - quatro Jogos Mortais atrás.
Para os ambiciosos produtores de Hollywood Jogos Mortais 2 parecia quase uma obrigação devido ao sucesso feito pelo primeiro, mesmo que James Wan não estivesse interessado. Ainda assim, Leigh Whannel voltou (agora somente como roteirista) e boa parte do elenco que sobreviveu ao primeiro se dispôs a continuar a história do manipulador John Kramer.

O segundo filme é bem inferior, porém surpreendeu os céticos que esperavam uma produção mercenária e vazia: afinal, tem tiradas espertas e Whannel mostrou que tinha realmente talento para construir suas tramas sanguinárias. O diretor estreante Darren Lynn Bousman não conseguiu seguir o estilo de Wan, mas mostraria no ano seguinte que tentaria aprender.

2006 - três Jogos Mortais atrás.

A terceira parte da saga é a que mais se aproxima da primeira em qualidade, provavelmente por conseqüência da volta de James Wan à série, que decidiu ajudar seu antigo companheiro no argumento.

E este é o ponto alto da produção, o roteiro ousado (quem lembra da última cena do filme sabe porquê) e muito bem escrito, com boas surpresas e uma novidade para os fãs da série: a oportunidade de rever jogos já conhecidos sob outros ângulos, a fim de explicar melhor os bastidores das armadilhas, como que fazendo um tributo à si própria. O único ponto negativo de Jogos Mortais 3 é algo que seria ainda mais acentuado em suas continuações, a violência desnecessária, que aparece só para chocar o espectador sem ajudar no desenvolvimento da trama.

2007 - dois Jogos Mortais atrás.

Se é difícil lembrar uma “parte 4” realmente boa, ainda mais quando o assunto são filmes de terror, conhecidos por suas inúmeras continuações, geralmente em escala decrescente de qualidade, Jogos Mortais 4 não é exceção. Porém ao lembrar de uma série tão bem feita como esta, ser um tanto inferior aos seus anteriores é elogio.

Sim, a quarta parte não é nada boa, entretanto se sai bem ao mostrar fidelidade ao resto da franquia (agora já sem Whannel e Wan) e ter uma trama tão bem construída como qualquer de seus anteriores, porém obviamente mais fraca e repleta de cenas que só estão lá pelo sangue jorrado. A esta altura os fãs já se perguntavam quando a cinessérie iria acabar. A resposta viria no próximo ano.

2008

Sim, ao final de Jogos Mortais 5 parece que a milionária franquia finalmente teve fim. E é exatamente esse o ponto alto do filme, todas as tramas deixadas em aberto pelos Jogos Mortais anteriores foram devidamente costuradas pelos roteiristas Patrick Melton e Marcus Dunstan (que também escreveram o de 2007). Com a saída de Darren Lynn Bousman da série, a direção ficou a cargo do designer de produção e diretor de segunda unidade dos anteriores, David Hackl, que se mostra despreparado para o trabalho, cometendo o grande erro de se importar mais com o realismo das cenas violentas e menos com tecnicalidades como fotografia e direção de atores. A história principal gira em torno do último seguidor de Jigsaw vivo, o detetive Mark Hoffman (interpretado pelo ator classe-B Costas Mandylor) e o único sobrevivente da chacina mostrada o final de Jogos Mortais 4, o agente do FBI Peter Strahm (Scott Paterson).


Falando de elenco, fazem falta personagens como Amanda (Shawnee Smith) e o detetive Eric Matthews (Donnie Wahlberg), presentes em três dos últimos quatro filmes, e que apesar de mortos poderiam aparecer em flashback. A possibilidade levantada pela produção de ter Danny Glover de volta como David Trapp em uma pequena participação só deixaria tudo ainda mais perfeito, mas o ator teve de recusar por estar envolvido com Fernando Meirelles em Ensaio Sobre a Cegueira.

O interessante da trama é que toda ela realmente parece mais um epílogo da série, explicando a união de Hoffman e Jigsaw (Tobin Bell) assim como a sua participação durante alguns dos jogos clássicos do “assassino do quebra-cabeça”. Um filme realmente fraco, de longe o pior da saga, mas válido para os fãs de carteirinhas que querem solucionar dúvidas que tenham surgido durante a “quintologia” e saber como a história termina. Para terminar, a única dúvida que paira no ar ao final de Jogos Mortais 5: o que haveria na caixa entregue à ex-mulher de Jigsaw? Esperamos nunca descobrir.



* O curta (http://www.youtube.com/watch?v=VN3eMkp57BY), que parece mais um prequel do filme, traz o próprio Leigh Whannel como uma versão inicial de Zep (personagem que seria de Michael Emerson, que hoje faz o Ben de Lost), remonta o jogo de Amanda e termina com a trilha clássica da série, composta por Charlie Clouser.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Fim dos Tempos Para o Indiano?

Aproveitando o lançamento em DVD de Fim dos Tempos, uma crítica do filme como sempre acompanhada de uma recapitulação da carreira de seu diretor M. Night Shyamalan.


Quando O Sexto Sentido estreou em 1999 e pouco depois se tornou um dos filmes de terror/suspense mais lucrativos da história, o diretor indiano M. Night Shyamalan foi considerado um dos cineastas mais promissores de sua geração. Assim como era chamado de “novo Spielberg” pelo sucesso comercial que fez, também era comparado com Hitchcock, pela similaridade com as técnicas do “mestre do suspense” e a profundidade da história do menino que via gente morta. Ou seja, era um fenômeno de público e crítica como há muito não se via.



Seu primeiro longa após o sucesso de O Sexto Sentido foi muito aguardado, mas os fãs estranharam quando souberam que apesar de ter repetido a dobradinha com Bruce Willis (que conseguira uma inesperada fama como ator “sério”) o que prometia ser o novo sucesso de Shyamalan era uma história sobre super-heróis. Importante dizer que até então filmes de super-herói não eram sinônimos de bilheteria: X-Men estreava naquele mesmo ano. Obviamente Corpo Fechado não teve nem metade da repercussão de O Sexto Sentido e desagradou uma legião de fãs que esperava outro filme de terror.

Apesar do faturamento menor, Corpo Fechado adquiriu uma adoração por parte do público (alguns se arriscam a dizer que é o melhor filme de super-heróis já feito) que agora não era mais fã de O Sexto Sentido, mas sim de Shyamalan. Novamente o público não encarou bem quando descobriram que Sinais abordaria uma invasão alienígena à Terra. A crítica, que tinha gostado do filme de fantasmas, mas não do de super-herói, não entendeu a trama de aliens e muito menos como o filme conseguiu números tão bons quanto O Sexto Sentido.

Depois de Sinais, Shyamalan, já com um público consideravelmente fiel, apostou em uma história mais intimista sobre moradores de uma vila que são aterrorizados por estranhos seres. Apesar do grande marketing, A Vila foi considerado um fracasso, mas como sempre foi bem recebido entre os fiéis do indiano que já notavam um padrão nos seus filmes. O diretor, a exemplo de Hitchcock, sempre fazia uma participação como um personagem secundário, sempre atuava também como roteirista e produtor, a trama extraordinária (fantasmas, super-heróis, aliens, monstros) era somente um truque para entreter o expectador enquanto os dilemas dos personagens eram explorados, sempre havia uma abordagem religiosa, o uso da água como símbolo de fraqueza, a Filadélfia como pano de fundo para a história, e principalmente, sempre há uma reviravolta no final que nos deixa pensando: “Como eu não percebi isso?”.

Nada mais inesperado então que, vindo de um fracasso comercial por fazer uma trama intimista demais para o grande público, ele decida ir mais além e produzir um filme sobre contos de fadas. E, pela primeira vez, até o seu público fiel o questionou. A Dama na Água tem problemas, mas é inegavelmente uma obra com a assinatura do indiano onde ele usa boa parte dos elementos que o tornaram famoso: a água, a trama extraordinária, etc. Porém, desta vez, decide deixar de lado a reviravolta final e fecha seu filme de maneira bastante previsível. Alguns fãs até criaram alguma simpatia com a história, mesmo não havendo a tal reviravolta, e outros se conformaram com o fato de que, na pior hipótese, Shyamalan tinha errado uma em cinco, o que não representava nenhum declínio em sua carreira.

Fim dos Tempos


E então veio Fim dos Tempos, o novo filme que aborda um evento (no original The Happening, que significa “O Acontecimento”, mas que alguém achou muito difícil de traduzir) que afeta a costa leste dos Estados Unidos, e faz com que as pessoas comecem a se suicidar. Da enorme lista de elementos que sempre se fazem presentes nos seus filmes, poucos são usados, como a cena-chave passada no porão (que também acontece em todos seus filmes desde O Sexto Sentido) e a história passada na Filadélfia. O grande problema é que eles param por aí e Shyamalan erra feio se acha que não precisa deles em seus filmes. Neste ele nem sequer dá as caras, somente fala uma palavra ao telefone interpretando um personagem que é bastante comentado durante o filme, entretanto se mostra sem a menor importância, como boa parte do elenco.

Outro ponto que divide fãs é a mudança de atitude do diretor em se empenhar mais em chocar o expectador com os bizarros suicídios provocados pelo evento do que em explorar o casal que protagoniza o filme, que é muito mal interpretado, aprofundado e nada carismático, em uma história que precisa que o público torça pelos personagens. Estranho que o mesmo Shyamalan tenha feito exatamente o oposto em Sinais, que divide muitas similaridades com Fim dos Tempos, mas com o qual não há sequer comparações no que diz respeito à qualidade.

Por fim fica a impressão de que o antes chamado “novo Hitchcock” está perdendo a mão, uma perda irreparável para o cinema. Alguns indícios parecem dizer que Shyamalan estaria seguindo a onda ecologicamente correta que afetou Hollywood assim como o evento que afetou os personagens de Fim dos Tempos, e esta seria a razão para a realização deste filme, que tenta (e não consegue) alertar a população sobre os efeitos dos nossos atos na natureza. Porém parece estranho que seus três últimos filmes sejam considerados seus três piores e que haja uma queda de qualidade bruta entre A Dama na Água e Fim dos Tempos. Só resta torcer para que o promissor Manoj Shyamalan consiga se redimir em The Last Airbender, seu próximo projeto, anunciado para 2010, e que, tal qual em seus melhores filmes, haja uma grande reviravolta na carreira do indiano.

por Stefano Pfitscher