segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Jogos Mortais

Em ocasião do lançamento da quinta parte da franquia, uma recapitulação de toda a saga encerrando com uma crítica de Jogos Mortais 5.

2004 - cinco Jogos Mortais atrás.


O primeiro Jogos Mortais é, como comentam os fãs ao redor do mundo, um tapa na cara de Hollywood. A crítica de cinema, que nunca soube reconhecer os filmes de terror como algo "sério", sempre os tratou como uma diversão vazia para os jovens, principais responsáveis pela movimentação desta indústria. É verdade que superficialmente a premissa de Jogos Mortais é digna deste tratamento da crítica: um thriller sádico e violento que atraiu a maior parte do público por conta do derramamento de sangue e não pela proposta. A produção passa longe disso, e, diferente do que acontece geralmente neste tipo de filme, o principal atrativo é o roteiro de Leigh Whannel (que também interpreta o fotógrafo Adam) e a direção do também desconhecido James Wan, autor de um estilo tão único que nunca mais conseguiu ser repetido, nem por suas próprias continuações. É bom lembrar que a princípio nenhum estúdio quis bancar a idéia da dupla, que chegou a filmar uma versão promocional apresentando suas principais características a fim de convencer os produtores*.

A idéia do final surpresa (que seria repetida em toda a série) nem é tão original assim, e já fora usada até mesmo em longas-metragens como Seven, comumente comparado com Jogos Mortais. No entanto vale dizer que o deste último é realmente de cair o queixo, pois apesar de fazer muito sentido, é inimaginável, já que nem sequer era esperado àquela altura do filme. A produção foi a bilheteria mais inesperada daquele ano e até mesmo a crítica adversa ao gênero se rendeu ao primoroso trabalho de Wan e Whannel. Não totalmente, mas teve, a exemplo de certo ‘jogo mortal’ imposto por Jigsaw, de dar o braço a torcer.

2005 - quatro Jogos Mortais atrás.
Para os ambiciosos produtores de Hollywood Jogos Mortais 2 parecia quase uma obrigação devido ao sucesso feito pelo primeiro, mesmo que James Wan não estivesse interessado. Ainda assim, Leigh Whannel voltou (agora somente como roteirista) e boa parte do elenco que sobreviveu ao primeiro se dispôs a continuar a história do manipulador John Kramer.

O segundo filme é bem inferior, porém surpreendeu os céticos que esperavam uma produção mercenária e vazia: afinal, tem tiradas espertas e Whannel mostrou que tinha realmente talento para construir suas tramas sanguinárias. O diretor estreante Darren Lynn Bousman não conseguiu seguir o estilo de Wan, mas mostraria no ano seguinte que tentaria aprender.

2006 - três Jogos Mortais atrás.

A terceira parte da saga é a que mais se aproxima da primeira em qualidade, provavelmente por conseqüência da volta de James Wan à série, que decidiu ajudar seu antigo companheiro no argumento.

E este é o ponto alto da produção, o roteiro ousado (quem lembra da última cena do filme sabe porquê) e muito bem escrito, com boas surpresas e uma novidade para os fãs da série: a oportunidade de rever jogos já conhecidos sob outros ângulos, a fim de explicar melhor os bastidores das armadilhas, como que fazendo um tributo à si própria. O único ponto negativo de Jogos Mortais 3 é algo que seria ainda mais acentuado em suas continuações, a violência desnecessária, que aparece só para chocar o espectador sem ajudar no desenvolvimento da trama.

2007 - dois Jogos Mortais atrás.

Se é difícil lembrar uma “parte 4” realmente boa, ainda mais quando o assunto são filmes de terror, conhecidos por suas inúmeras continuações, geralmente em escala decrescente de qualidade, Jogos Mortais 4 não é exceção. Porém ao lembrar de uma série tão bem feita como esta, ser um tanto inferior aos seus anteriores é elogio.

Sim, a quarta parte não é nada boa, entretanto se sai bem ao mostrar fidelidade ao resto da franquia (agora já sem Whannel e Wan) e ter uma trama tão bem construída como qualquer de seus anteriores, porém obviamente mais fraca e repleta de cenas que só estão lá pelo sangue jorrado. A esta altura os fãs já se perguntavam quando a cinessérie iria acabar. A resposta viria no próximo ano.

2008

Sim, ao final de Jogos Mortais 5 parece que a milionária franquia finalmente teve fim. E é exatamente esse o ponto alto do filme, todas as tramas deixadas em aberto pelos Jogos Mortais anteriores foram devidamente costuradas pelos roteiristas Patrick Melton e Marcus Dunstan (que também escreveram o de 2007). Com a saída de Darren Lynn Bousman da série, a direção ficou a cargo do designer de produção e diretor de segunda unidade dos anteriores, David Hackl, que se mostra despreparado para o trabalho, cometendo o grande erro de se importar mais com o realismo das cenas violentas e menos com tecnicalidades como fotografia e direção de atores. A história principal gira em torno do último seguidor de Jigsaw vivo, o detetive Mark Hoffman (interpretado pelo ator classe-B Costas Mandylor) e o único sobrevivente da chacina mostrada o final de Jogos Mortais 4, o agente do FBI Peter Strahm (Scott Paterson).


Falando de elenco, fazem falta personagens como Amanda (Shawnee Smith) e o detetive Eric Matthews (Donnie Wahlberg), presentes em três dos últimos quatro filmes, e que apesar de mortos poderiam aparecer em flashback. A possibilidade levantada pela produção de ter Danny Glover de volta como David Trapp em uma pequena participação só deixaria tudo ainda mais perfeito, mas o ator teve de recusar por estar envolvido com Fernando Meirelles em Ensaio Sobre a Cegueira.

O interessante da trama é que toda ela realmente parece mais um epílogo da série, explicando a união de Hoffman e Jigsaw (Tobin Bell) assim como a sua participação durante alguns dos jogos clássicos do “assassino do quebra-cabeça”. Um filme realmente fraco, de longe o pior da saga, mas válido para os fãs de carteirinhas que querem solucionar dúvidas que tenham surgido durante a “quintologia” e saber como a história termina. Para terminar, a única dúvida que paira no ar ao final de Jogos Mortais 5: o que haveria na caixa entregue à ex-mulher de Jigsaw? Esperamos nunca descobrir.



* O curta (http://www.youtube.com/watch?v=VN3eMkp57BY), que parece mais um prequel do filme, traz o próprio Leigh Whannel como uma versão inicial de Zep (personagem que seria de Michael Emerson, que hoje faz o Ben de Lost), remonta o jogo de Amanda e termina com a trilha clássica da série, composta por Charlie Clouser.

Um comentário:

Felipe disse...

Tu acha que teve fim a saga. Ficou em aberto a aprte que o advogado do jigsaw entrega a caixa pra a ex-mulher dele e ela procura o detevive Erckisson pra dizer q esta sendo perseguida, e o único que sabia de tudo, o detetive Strham, foi morto, e o trabalhava junto com Jigsaw sobreviveu.. tem coisa ae.. alias, no nome do próprio Jigsaw de realidade consta como filmando o Saw VI, tem coisa boa pro vir. E tem data de lançamento para o Brasil em 30 de outubro de 2009.